The Salt Mill: A Norwegian Legend

The Magic Mill -  A Norwegian Legend
The Magic Mill – A Norwegian Legend

Intro

The Legend of the Salt Mill, sometimes known as The Magic Mill or Magical Mill, is a Norwegian tale with many parallels found in Japanese and Chinese traditions, as well as many variants in European folklore.

There are two main versions of the story that tell the reason why the sea is salty.

Below are the two versions of the story.

The Ambitious Captain And The Salt Mill

A long time ago in Northern Europe, there lived a good-hearted but rather ambitious sailor. This captain paid his men well and always had a new project in mind.

One day, they landed in a small port in Norway. The captain of the ship noticed an old man with a long white beard and a thick wool cap pulled down over his ears. He used to sell huge blocks of salt in the market.

He decided to buy them all. ‘They will give me a lot of money for salt in other places’ – he thought. He had to ask his crew for help to move the heavy blocks into the ship’s hold. The problem was, he thought afterwards, to divide them into small blocks… Still, they left the next day.

The Ambitious Captain And The Salt Mill - Norwegian Legend
The Ambitious Captain And The Salt Mill – Norwegian Legend

The captain was pleased with his new merchandise. The day was fantastic and the sea was calm, but after many hours, a storm arose, and the ship, buffeted violently, ended up on the shores of a strange islet.

The captain landed there along with a few boys. They entered a forest, stealthy, and stopped when they heard a strange sound.

They approached secretly and suddenly they saw a magician, who used a strange contraption to split stones without touching anything. It was a mill. The magician threw the stones and only said:

– Shake and grind, shake and grind…

And the stones that came out of the mill turned into fine powder.

– That pot must be mine – said the captain of the ship to himself – With it, you can transform the blocks of salt I bought into grain, and I can sell it in small quantities, in bags.

So they waited patiently for the wizard to leave. And as soon as the mill was left alone, they took it to the ship and set out again for the high seas.

How happy was the captain! Already in the cellar, the next day he decided to start the salt mill. The captain put an enormous block of salt into that strange machine and pronounced aloud the words he had heard the magician say:

– Shake and grind, shake and grind…

The grinder began to work and sure enough, the block of salt began to crush. The salt came out finer than the sand on the beach.

– So many bags of salt that I can sell! I’ll get rich! – exclaimed the euphoric captain.

However, the mill did not stop grinding and he did not know how to stop it. The salt began to flood the cellar and he had to get out of there. Soon it began to flood the entire deck, and both crew members and the captain himself had to jump overboard.

They managed to swim to a shore not far away, and from there they watched the ship sinking to the bottom of the ocean.

The Ambitious Captain And The Magic Mill Still Grinding at the Bottom of the Ocean
The Ambitious Captain And The Magic Mill Still Grinding at the Bottom of the Ocean


It is said that since then, the sea began to be salty, because the mill, sunk in the depths of the ocean, never stopped grinding salt.

The Giant and The Magic Mill

The second version of this legend tells that a giant existed long ago in Norway who owned a magical mill capable of grinding salt. All you had to do was say the magic words:

The Giant and the Magic Mill
The Giant and the Magic Mill

– Grind and crush, grind and crush.

But one day, the giant decided to give his magic windmill to a widow, who had no job and had to support her daughter.

The women, who were humble and kind, used the mill just enough to make salt and sell it every day in the market. In this way, they earned enough to eat.

But a very jealous goblin found out how those women got the salt. He watched them day and night, and full of envy, he took advantage one day when the women were leaving for the market to enter their house and take the salt mill.

And because he did not want them to ever find the salt mill again, he forcefully threw it into the sea. The mill began to grind salt non-stop at the bottom of the ocean. And that’s why, they say, the sea is salty.

The Giant and The Magic Mill At the Bottom of the Ocean
The Giant and The Magic Mill At the Bottom of the Ocean

4 thoughts on “The Salt Mill: A Norwegian Legend

  1. very interesting facts, personally to me as a historian. I like to read your articles, because they are very informative. Especially surprised by the fact “the Great and charming mill”. Thank you for your fruitful work

  2. O MOINHO MÁGICO I

    Quando Portugal era ainda um país novo,

    viviam dois irmãos em uma aldeia,

    Leôncio, o morgado, toda a herança a receber,

    consoante era costume então no povo

    e a Casimiro, o mais moço, uma chácara a caber,

    com uma casinhola de parede e meia…

    De sua horta e do pomar se alimentava,

    mais a mulher e três filhos, com trabalho,

    sem nunca uma poupança lhe sobrar;

    porém, às vezes, a seca ali chegava

    ou quando a neve ele via acumular

    a cada inverno, todo o esforço lhe era falho.

    E como nenhum dinheiro lhe sobrara,

    pois, realmente, nada pudera vender,

    era obrigado a pedir auxílio ao irmão,

    o primogênito, que até riqueza acumulara;

    este o ajudava, mas com dor no coração,

    a lamentar tal pobre auxílio a conceder…

    Chegada a véspera, então, de outro Natal,

    que nessas terras ocorre pelo inverno,

    a neve alta a horta havia abafado

    e muito embora seja fértil Portugal,

    todas as árvores se haviam desfolhado

    e nada tinham para tal feriado eterno…

    O MOINHO MÁGICO II

    Casimiro evitava o mais possível

    pedir auxílio ao irmão, pois bem sabia

    que só era dado de muito má vontade;

    mas comer neve é mesmo incompatível

    e até sua lenha acabara, na verdade

    e nem água aquecer se poderia!…

    As árvores frutíferas se havia podado,

    mas cada galho fora inteiro consumido

    e o alimento em cinco bocas se consome…

    Sem outra alternativa, envergonhado,

    mas impelido pela família a passar fome,

    foi Casimiro ao mau irmão fazer pedido…

    “Mas outra vez?” Disse Leôncio, em mau humor.

    “Mas tu não paras de me pedir ajuda!

    Com tua chácara te deverias contentar!…”

    “Leôncio, caiu neve que é um pavor,

    a meus filhos não tenho alimento mais a dar…

    São seus sobrinhos, afinal, e a crise é aguda!…”

    “Ora, sobrinhos! Nunca ouviste esse ditado:

    A quem Deus não dá filhos, o diabo dá sobrinhos?

    Mas faremos o seguinte, já que chegou o Natal.

    Eu te darei um presunto bem curado,

    mas terás de me jurar, é natural,

    cumprir uma tarefa, por difíceis os caminhos!”

    O MOINHO MÁGICO III

    “É uma tarefa só?” – Casimiro perguntou.

    “Será uma só, mas bastante demorada…”

    “Pois bem, eu juro,” – concordou o infeliz.

    Leôncio em sua despensa penetrou

    e voltou com um presunto: “Este é o melhor que fiz!

    Vais me cumprir a promessa combinada?”

    “Claro que sim, meu irmão, eu prometi!”

    “Pois então, vai para o inferno, Casimiro!…”

    Naquele tempo havia uma grota em Portugal

    e para o inferno se ingressava por ali,

    segundo diziam, mesmo sem ter feito mal,

    mas um inocente só por lá daria um giro…

    Então Casimiro deu adeus a seu irmão,

    que boa viagem lhe desejou, às gargalhadas!

    “Dei minha palavra, não fica o dito por não dito!”

    murmurou Casimiro, tomado de emoção

    e sopesando o presunto, com seu peito aflito,

    tomou a estrada para as regiões mal afamadas…

    Caminhou várias horas, até chegar a uma caverna

    muito escura, sem luz, cheirando mal.

    “Acho que é aqui…” pensou o pobre, com um suspiro.

    Encontrou um velho, em tarefa quase eterna.

    “É aqui o inferno?…” – falou, triste, Casimiro.

    “Fica bem perto, para quem é de Portugal…”

    O MOINHO MÁGICO IV

    “Aqui é só uma estação do purgatório:

    por dois mil anos terei de cortar lenha,

    até que venha um arcanjo me buscar;

    mas caso atenda a qualquer um peditório,

    de minha pena alguns anos vão cortar.

    Talvez você em meu auxílio venha…”

    “Por que carrega esse presunto saboroso?”

    “Ganhei de meu irmão, mas fiz promessa

    de marchar até o inferno, em pagamento…”

    “Seu rico irmão tem um caráter pavoroso,

    mas empregue agora bem seu julgamento:

    não prometeu ficar no inferno, não se esqueça!”

    “É verdade! Só prometi ir até lá!…”

    disse o infeliz, um tantinho já aliviado.

    “Pois bem, dou-lhe um conselho, meu amigo.

    O inferno fica naquela rocha de acolá;

    pode chegar-se sem sofrer qualquer perigo;

    há uma fenda onde o penhasco foi cortado…”

    “Consigo ler bastante bem seu coração:

    É um bom trabalhador e algum pecado

    que tenha cometido é só venial…

    De qualquer modo, as almas em punição

    deixaram os corpos por pecado capital:

    você está vivo, não pode ser capturado…”

    O MOINHO MÁGICO V

    “Mas ocorre que a comida por lá é escassa,

    porque as almas eles não podem devorar,

    que não têm carne ou sangue e nem têm ossos;

    e quando virem seu presunto, a feia raça

    dos diabos ou condenados em destroços

    farão tudo para poderem-no comprar!…”

    “Mas não o venda por dinheiro algum,

    nem por promessa de qualquer bem material,

    nem recebendo a maior das ameaças;

    diga aos diabos que o preço é apenas um:

    o moinho antigo que afasta mais desgraças,

    que está no inferno por um engano natural.”

    “Satanás uma alma quis comprar,

    mas no negócio acabou sendo enganado

    e precisou se contentar com esse moinho,

    que atrás da porta resolveu então deixar

    pois não o pôde carregar para seu ninho,

    pois foi por Deus, há séculos, abençoado!”

    “De fato, dele até quer se desfazer,

    porém não o pode lançar fora

    pois conserva em si mesmo uma virtude:

    só a um homem bom ele pode pertencer

    e não se entrega a qualquer de alma rude;

    vai pechinchar, mas não se engane agora!”

    O MOINHO MÁGICO VI

    “Se o seu presunto entregar por outro preço.

    será sinal de que caiu em tentação

    e então os diabos o poderão reter!…

    Vá até lá e faça só o que lhe peço,

    assim cem anos da minha pena vou abater,

    pois meu conselho foi realmente boa ação!”

    “E na volta, passe aqui com seu moinho,

    que lhe ensinarei o melhor meio de o usar

    e uma palavra para o fazer parar…

    Vá, meu amigo, siga o seu caminho;

    logo a entrada do inferno irá alcançar:

    faça o sinal da cruz antes de entrar!…”

    E lá seguiu Casimiro o seu caminho,

    o cheiro de enxofre cada vez mais forte,

    o ar pesado, igual que em tempestade,

    chegando à fenda, bem devagarinho…

    Fez o sinal da cruz, pouco à vontade,

    recomendando a Deus toda a sua sorte!

    Estava escuro, mas ao longe havia fogo,

    com arrepios pôde escutar os ais

    dos que sofriam pelos seus pecados…

    Quase em seguida, já escutou um rogo:

    “Cristão, dê-me o presunto! Bons bocados

    são raros por aqui!… Eu sinto fome por demais!”

    O MOINHO MÁGICO VII

    “Não posso dar. Esse presunto é um presente

    de meu irmão para a ceia de Natal

    com meus três filhos e minha boa mulher…”

    “Pois diga o preço!” – rugiu o diabo, imponente,

    posso pagar qualquer coisa que quiser;

    posso atender qualquer desejo material!…”

    “Ora, não quero vender,” – falou logo Casimiro,

    mas atrás da porta vocês guardam um moinho

    que há muito tempo por Deus foi abençoado…”

    “Não diga essa palavra! Em nosso giro

    esse nome jamais pode ser falado!…

    Dou cem cruzados e um botijão de vinho!…”

    Mas logo outros diabos ali apareceram,

    mil ofertas fazendo-lhe, à porfia:

    ouro e prata, fazendas, namorada

    e de prendê-lo sempre ali o ameaçaram.

    “Aqui estou vivo, não me podem fazer nada:

    só um pecado mortal aqui me prenderia!”

    “O meu presunto só darei pelo moinho!”

    E os mil capetas a Satanás chamaram,

    que com o negócio, finalmente, concordou.

    Mas Casimiro primeiro deixou o ninho

    e só lá fora o presunto ele trocou

    pelo moinho que os diabos lhe alcançaram!

    O MOINHO MÁGICO VIII

    Olhou o artefato com um certo desaponto:

    funcionava, mas estava enferrujado…

    Troquei o presunto por esta traquitanda!…

    Mas caminhou até chegar ao mesmo ponto

    em que, empenhado em sua pena nefanda,

    reencontrou-se com o velho condenado…

    “Graças a Deus que você me obedeceu!”

    “Mas de que serve este moinho, sem ter grão?”

    “Amigo, ele dará qualquer coisa que pedir!”

    E o condenado um comando então lhe deu

    e Casimiro do moinho viu sair

    uma salsicha e um pedaço de bom pão!

    Logo a seguir, o pobre velho murmurou

    e o moinho parou então de funcionar.

    Ele comeu o pão com avidez…

    “Percebe o bem que você hoje arranjou?

    Ele dar-lhe-á cada coisa por sua vez,

    ouro ou comida, roupa, o que mandar!…

    “Mas agora, vou dizer ao seu ouvido,

    porque os diabos não a podem escutar,

    a palavra que interrompe o seu processo.”

    E murmurou, consoante havia prometido.

    “Não vá esquecer! Uma coisa só lhe peço,

    que a ninguém mais a venha revelar!…”

    O MOINHO MÁGICO IX

    Nesse momento, surgiu um clarão

    e do céu um arcanjo apareceu:

    “Fizeste bem, arrependido pecador,

    trocaste a pena por esta boa ação!”

    Pegou o velho e partiu num resplendor

    e Casimiro ao bom Deus agradeceu.

    Chegou em casa já era noite alta;

    dormiam as crianças e a mulher

    o repreendeu por tão grande demora;

    “Fiquei sozinha e estou passando falta

    e nem me trazes comida nesta hora!

    Só um moinho, sem termos grão sequer!”

    “Calma, mulher, este moinho é abençoado!

    Dá-me tuas mãos para juntos orar…”

    Com um suspiro as mãos magras lhe estendeu

    e depois da oração ter terminado,

    o moinho a Casimiro já atendeu,

    uma ceia de Natal logo a entregar!…

    Sua mulher ficou então maravilhada

    pois os pratos não paravam de sair,

    travessas e talheres e até vinho!…

    Com a palavra oculta murmurada,

    após soltar uma coroa de azevinho,

    logo o moinho parou de produzir!…

    O MOINHO MÁGICO X

    Rapidamente, às crianças acordaram,

    cheias de fome, mas ainda estremunhadas,

    e se puseram todos a comer,

    rendendo graças pelo bem que conquistaram;

    satisfeitas, já tornaram a adormecer,

    sem por momentos ficarem desconfiadas…

    Os pais, contudo, continuaram a comer,

    e então Candinha, a mulher, queria guardar

    as sobras para ter no dia seguinte,

    mas Casimiro lhe falou para esquecer,

    que a bênção continuaria; e por acinte

    foi brinquedos ao moinho encomendar!…

    E logo apareceram um trenzinho,

    uma boneca e depois, jogo de armar,

    até que Casimiro a palavra sussurrou.

    Mas Candinha, sem ter ânimo mesquinho,

    curiosa lhe indagou: “Mas onde que encontrou

    esse objeto de magia singular…?”

    “Ora, ganhei de meu irmão um presunto

    e a seguir eu o troquei pelo moinho…

    Melhor negócio não se podia fazer!”

    Mas a mulher insistiu no mesmo assunto:

    “Quem da fortuna se disporia a desfazer?”

    “Um lenhador, que encontrei no meu caminho…”

    O MOINHO MÁGICO XI

    “Estava velho e para o céu já de partida…”

    “Mas onde estava essa grande maravilha?”

    “Ora, mulher, ela estava atrás da porta!…

    O que interessa é que demos boa acolhida,

    Onde o encontrei, afinal, que nos importa?

    Foi abençoado por Deus em antiga trilha!…”

    No outro dia, foi pedir alguns cruzados

    e logo tinha cem moedas de ouro!

    Levando duas, Candinha foi à feira…

    Todos ficaram muitíssimo espantados.

    “Casimiro não me disse,” – respondeu, ligeira,

    “em que lugar ele encontrou esse tesouro!”

    Tudo estaria bem, se não quisesse

    essa riqueza para outros ostentar,

    mas insistiu para os amigos convidar!

    Casimiro, mentalmente, fez sua prece

    e concordou que oferecesse um bom jantar

    e a seu irmão resolveu também chamar…

    Depois da festa, Leôncio quis saber

    em que lugar ele encontrara seu tesouro

    e Casimiro confessou ser o moinho

    e como o outro não cresse sem o ver,

    várias coisas pediu, devagarinho,

    dando a Leôncio um cálice de ouro…

    O MOINHO MÁGICO XII

    Mas seu irmão era mau e invejoso

    e insistiu em ficar com o moinho:

    “Afinal, eu lhe dei um bom presunto!”

    Naturalmente, Casimiro foi teimoso,

    mas no final, para pôr um fim no assunto,

    Leôncio jurou que o denunciaria ao meirinho (*)

    (*) Oficial de justiça, a maior autoridade da aldeia.

    pela prática da mais nefanda bruxaria;

    “Mas lhe darei mil libras esterlinas!…”

    (A moeda que usavam na Inglaterra,

    com os ingleses negociava o que queria,

    pois com a França estavam sempre em guerra)

    e finalmente Casimiro aceitou essas propinas…

    Contudo ao irmão impôs uma condição:

    “Farei o negócio só no tempo da colheita;

    então podes vir buscar o meu moinho,

    mas as mil libras me entregas de antemão,

    porque sei que és sovina e bem mesquinho,

    talvez não pagues quando chegar a feita.”

    Candinha ficou muito surpreendida:

    “Mas por que foste vender nosso moinho?”

    “Olha, mulher, sei o que estou fazendo,

    Leôncio estava com raiva já incontida:

    não fosse eu com a venda aquiescendo,

    de bruxaria me acusaria ao meirinho!…”

    O MOINHO MÁGICO XIII

    Quando com mil libras chegou o portador,

    Candinha ficou um pouco consolada

    e Casimiro sobre o prazo lhe explicou;

    antes que viessem os dias de calor,

    Casimiro muita coisa encomendou,

    a sua choupana sendo aos poucos ampliada.

    Enterraram no porão toda a riqueza

    e findo o prazo veio Leôncio buscar,

    tal qual fora combinado, o seu moinho.

    Mas Casimiro se portou com esperteza

    e Leôncio prosseguiu em seu caminho

    sem saber a maneira de o parar!…

    Cumpria assim as duas promessas feitas.

    pois o moinho entregava, sem dizer

    a palavra que ouvira o velho sussurrar:

    para cobrar-se das ameaças e desfeitas

    com que Leõncio fora tanto o humilhar:

    guardou o segredo com o maior prazer!

    Naquela tarde, Leôncio disse à sua mulher:

    “Vai hoje ao campo vigiar os meus ceifeiros,

    porque hoje vou preparar nosso jantar…”

    E mesmo a duvidar de seu mister,

    Matilda, a esposa, saiu então para cuidar

    dos empregados o trabalho nos terreiros…

    O MOINHO MÁGICO XIV

    Não tendo filhos, ficou Leôncio sozinho,

    mas era avarento e em vez de um bom jantar

    pediu ao moinho só arenques e uma sopa,

    enchendo os pratos, um a um, devagarinho,

    mas o moinho já molhava o chão da copa,

    sopa e arenques sem parar de vomitar!

    E se alagaram a copa inteira e a cozinha,

    Leôncio estava totalmente atarantado!…

    Abriu a porta que dava para a sala,

    porém o banho de sopa sempre vinha,

    enchendo a casa e a seu redor, a vala,

    o ambicioso já a ficar meio afogado!…

    A essa altura, Matilda e os empregados,

    vinham voltando de seu dia de trabalho:

    Leôncio viram, molhado e a correr:

    “Prouvera Deus que estejam esfomeados,

    todo o alimento para comer a bom comer,

    que já nem sei o que fazer com o rebotalho!”

    Finalmente, ele foi pedir a Casimiro

    que pegasse de volta o tal maldito

    moinho, antes que toda a aldeia se inundasse!

    “Por mais mil libras seu funcionar reviro!”

    E Leôncio concordou, mas que parasse

    com o mar de sopa que já o deixava aflito!

    O MOINHO MÁGICO XV

    Casimiro chegou pela colina

    o mais perto que podia dessa casa

    e a tal palavra, bem baixinho, murmurou:

    de imediato a enxurrada afina

    e logo a produção toda secou;

    entrou na casa quando a lama ficou rasa.

    Já aliviado, não queria mais pagar

    seu mau irmão o preço prometido,

    mas Casimiro lhe falou da bruxaria:

    “Todos sabem que tesouro eu fui achar,

    mas você, como o banho explicaria?

    À acusação o meirinho dá acolhida…”

    Assim Leôncio pagou, de má vontade,

    e Casimiro foi morar em Santarém,

    onde comprou belíssima mansão,

    do moinho a servir-se sem maldade,

    por vários anos, sem ter grande pretensão,

    e seu segredo não contou para ninguém!

    Quanto a Leôncio, teve a casa desmanchada

    e perdeu o dinheiro que guardava,

    doravante precisando trabalhar,

    pois diziam que sua terra era assombrada:

    ninguém emprego ali queria aceitar!

    Jamais sua velha situação recuperava…

    EPÍLOGO

    Mas certas coisas não há meio de ocultar

    e um dia apareceu um capitão

    de Casimiro em sua bela moradia

    e insistiu até o moinho comprar,

    senão na corte do rei o denunciaria

    e o confisco seria certo na ocasião!

    Nessa época o sal vinha de minas

    de sal-gema, muito caro, é natural,

    que a galeria com frequência desabava

    e os mineiros sofriam fatais sinas…

    Dez mil cruzados o capitão pagava,

    esperando ter um lucro triunfal!…

    Assim Casimiro lhe vendeu o seu moinho

    e o capitão o transportou para o navio,

    onde mandou que produzisse sal…

    Mas Casimiro conservou seu segredinho

    até que o barco afundou nesse caudal

    pois o sal ficou jorrando anos a fio!…

    Belo castigo para o capitão malvado,

    pois até hoje ainda jorra sem parar,

    sem que exista qualquer meio de o estancar

    e é por isso que o mar hoje é salgado!

  3. fatos muito interessantes, pessoalmente para mim como historiador. Eu gosto de ler seus artigos, porque eles são muito informativos. Especialmente surpreso com o fato de “o grande e encantador moinho”. Obrigado pelo seu trabalho frutífero

  4. sin lugar a duda esta historia clasica de este molino de sal en noruega nos transporta a esa epoca y nos da una idea de como viven en esa zona del mundo y su trabajo, sin duda es una historia digna de seguri conociendo

Leave a Reply